Na Faculdade que fui convidado a lecionar, eram oferecidas três cadeiras de Engenharia de Software. Lembro de meu primeiro dia de aula como Professor de Engenharia de Software I.
“O que? Durante o semestre inteiro vou ensinar só Requisitos?
Em um mês já terei esgotado o assunto!”
Ao final do semestre, eu não tinha trabalhado nem a metade do conteúdo necessário para entender minimamente sobre o tema. E pude ir desmontando, em mim mesmo, uma série de preconceitos.
O primeiro deles é que Engenharia de Requisitos é muito simples, basta perguntar o que o cliente quer. Com a prática, vai se verificando que não é tão simples e que não somos especializados em entender o que o cliente realmente deseja. Então começamos a formar algumas verdades salvadoras:
O cliente não sabe o que quer…
Essa queixa carregamos como um grande limitador do nosso trabalho. Na intimidade dos nossos técnicos temos até um apelido para o usuário do nosso sistema: CARACOL.
Caracol? Sim. Lento, enrolado e nojento…
E, nas nossas risadas ingênuas, esquecemos que a lista de queixas dos usuários não são menores:
- Você não entende do meu negócio
- Você não faz ideia do que estou falando
- Eu não entendo o que você fala
- A sua linguagem é puramente técnica
Então, começamos a entender que a formação específica em Requisitos é tão importante quanto em outras áreas: redes de computadores, banco de dados, métricas e estimativas…
E para melhor resolver essas dificuldade, começamos a listar porque não seria tão simples trabalhar com requisitos. As respostas mais importantes que podem ser encontradas são:
- Algumas necessidades são óbvias, o cliente acha desnecessário verbalizar.
- Algumas necessidades não são facilmente verbalizadas, o cliente desconhece as opções de solução (embora conheça o seu problema!).
- Tudo muda o tempo todo. O mundo está em constante transformação e as necessidades do cliente também. Seria ótimo se eu pudesse dizer a ele para “congelar” suas necessidades enquanto eu trabalho na solução.
Bem, é possível começar a entender onde devemos atuar, pois já estamos entendendo os desafios que nos cercam. Um caminho importante é compartilhar boas práticas. Não é o que estamos fazendo?
Veja mais sobre o assunto no canal Engenharia de Requisitos no Youtube:
Roberto Paldês é pesquisador em Engenharia de Requisitos e professor universitário. Tem graduação e pós-graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Cursou o Mestrado em Educação e o MBA em Gestão Pública. Leciona na Graduação no Cursos de Administração e no Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do UniCEUB. Na mesma instituição é professor e coordenador dos Cursos de Pós-Graduação presenciais: MBA em Gestão Empreendedora em Projetos, MBA em Logística, MBA em Gestão Pública. Endereço Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0464191770045460 . Endereço no Linkedin https://www.linkedin.com/in/roberto-paldês-54a625a4