A Engenharia de Requisitos é, tradicionalmente, um ramo da Engenharia de Software com forte relacionamento humano. Ele é realizada com profissionais habilitados em identificar, documentar e gerenciar as necessidades de seus clientes. Depende, portanto, do domínio de técnicas que vai capturar necessidades dos usuários de informações, estejam elas explícitas ou extremamente difíceis de se compreender.
Nesse ponto, é preciso se fazer uma chamada para o óbvio: o mundo está em transformação. Claro, tudo muda o tempo todo! Logo, na Engenharia de Sofware também as concepções originais estão sofrendo sensíveis transformações e fazem face a novos desafios. As propostas iniciais do desenvolvimento de software devem estar atentas à novas oportunidades oferecidas pelo estágio atual da tecnologia da informação e da comunicação.
Diante dessas realidade, temos um excelente exemplo vindo da Alemanha. Ela passou a observar com maior perspicácia para além da mecanização dos processos de produção, considerando-se as possibilidades oferecidas por sistemas inteligentes, a existência de volumes expressivos de dados, os sistemas ciberfísicos e a capacidade de comunicação direta e autônoma entre as máquinas. Essa proposta passou a ser denominada como a Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial . Entre inúmeras tecnologias disponíveis, a Indústria 4.0 tem como alguns de seus pilares básicos Internet of Things (IoT), Internet of Services (IoS), Ciber-Phiscal Systems (CPS) e Big-Data.
Fonte: Kagermann, H. et. al (2013)
Os impactos são tão significativos que a revolução está também impulsionando transformações profundas além da indústria. A economia, os relacionamentos, os processos de negócio, o marketing, os serviços, enfim, toda sociedade está se ajustando à novas demandas e oportunidades. Entendendo todo esse contexto, foi a vez do Japão propor um novo termo para a nova realidade: a Sociedade 5.0 , uma sociedade artificial virtual. É uma Sociedade formada a partir da Indústria 4.0, mas que tira o foco da fábrica para colocar o ser humano no centro da inovação e da revolução tecnológica.
Todos esses desafios precisam do apoio dos sistemas de informação. Como exemplo, até agora, os usuários se voltavam para a busca de conteúdo nos sistemas de informação, principalmente on line. No novo modelo de busca emergente, a informação é fornecida dependendo do consumidor (usuário humano ou outra máquina) contexto e requisitos (por exemplo, localização, tempo, atividade, registros anteriores e perfil), que poderia ser iniciado sem a consulta ou instrução explícita do usuário.
Dessa forma, os resultados a serem entregues pela indústria de software e a própria identificação dos clientes está em transformação acelerada. Os processos tradicionais terão que ser reavaliados e direcionados para novos recursos e, principalmente, novos perfis de demandas.
Nesse contexto, a Engenharia de Requisitos vai também ter que questionar seus métodos, técnicas e procedimentos consagrados.
O perfil clássico cliente (pessoa ou organização) e desenvolvedor (técnicos e especialistas em sistemas), mediados por um especialista em comunicação, devem perder espaço substancial de sistemas e interação homem-computador, para sistemas sem intervenção humana direta com apoio às operações máquina-máquina.
Precisamos conversar mais sobre esse tema !
Referências
BRNAGHI, Payam; SHETH, Amit. On searching the internet of things: Requirements and challenges. IEEE Intelligent Systems, v. 31, n. 6, p. 71-75, 2016.
BOCHMANN, Lennart et al. Towards decentralized production: a novel method to identify flexibility potentials in production sequences based on flexibility graphs. International Journal of Automation Technology. vol, v. 9, n. 3, 2015.
KAGERMANN, H., WAHSLTER, W., HELBIG, J. (eds.): Securing the future of German manufacturing industry. Recommendations for implementing the strategic initiative INDUSTRIE 4.0. Final report of the Industrie 4.0. Munich: Herbert Utz Verlag 2013.
WANG, Xiao.; LI, Lingx; YUANG, Yong; YE, Peijun; WANG, Fei-Yue. ACP-based social computing and parallel intelligence: Societies 5.0 and beyond. CAAI Transactions on Intelligence Technology, v. 1, n. 4, p. 377-393, 2016.
Roberto Paldês é pesquisador em Engenharia de Requisitos e professor universitário. Tem graduação e pós-graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Cursou o Mestrado em Educação e o MBA em Gestão Pública. Leciona na Graduação no Cursos de Administração e no Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do UniCEUB. Na mesma instituição é professor e coordenador dos Cursos de Pós-Graduação presenciais: MBA em Gestão Empreendedora em Projetos, MBA em Logística, MBA em Gestão Pública. Endereço Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0464191770045460 . Endereço no Linkedin https://www.linkedin.com/in/roberto-paldês-54a625a4