Muito material de excelente qualidade tem se encontrado sobre o Design Thinking (DT). Alguns para contextos específicos, mas a maioria com uma visão ampla para diversas áreas. Pouco se encontra ainda para o trabalho da Engenharia de Requisitos (ER). E nós precisamos ter um olhar atento sobre o DT porque ele vem ao encontro a diversas expectativas do nosso trabalho, seja pela visão dos profissionais, seja pela visão dos clientes. Por que? Porque as pessoas e as organizações estão precisando de soluções criativas e inovadoras para fazer face aos desafios constantes. Para tanto, encontramos nos designers esse perfil e nem sempre em especialistas de outras áreas. É oportunos aprendermos a pensar como designers: um profissional especializado de identificar problemas e elaborar projetos criativos que apresentem uma solução inovadora.
A inovação incremental pode ser uma alternativa para as empresas líder de mercado e que visualizam a concorrência bem distante. Para todos os demais, existem uma demanda urgente para mudanças mais radiciais: uma inovação disruptiva. Não é inteligente que a tecnologia da informação venha apresentar a automatização de processos ultrapassados ou desorganizados. Da mesma forma, não basta aprimorarmos os processos atuais, salvo para manter um padrão de qualidade muito elevado. Ao trazermos um sistema de informação para nossos clientes, o Engenheiro de Requisitos tem que aproveitar a oportunidade para repensar os modelos em vigor. Agindo assim, vai se diferenciar de um padrão de aprimoramentos que olha para o passado, que entende como foi até hoje e que ajustes pequenos são aceitáveis. Entenda mais todos esses desafios assistindo o vídeo explicativo do canal REde Requisitos no YouTube:
Vídeo: Design Thinking na Engenharia de Requisitos
Nesse momento, você deve estar se perguntando: então o que deve fazer? Que técnicas devo empregar? Talvez até você tenha olhado tudo com desconfiança e concluído: eu já faço tudo isso! Calma, vamos por parte. Voltando ao conceito inicial, o Design Thinking não é simplesmente uma técnica ou ferramenta. É uma forma de pensar diferenciada, uma abordagem conceitual com um propósito específico. Assim, você pode ter aprendido e aplicado muitas vezes a técnica do Workshop na ER. É provável, entretanto, que o fio condutor da atividade tenha sido a de um técnico especializado em sistema de informações. Que tal pensar como um designer? Não se trata de negar o que você já faz, trata-se de acentuar características que no contexto do DT são essenciais [1]:
- visão holística
- foco na cultura organizacional, nos seus contextos
- captura das experiências das pessoas
- abordagem por diversas perspectivas e ângulos
- trabalho colaborativo entre equipes multidisciplinares
- processo multifásico e não linear
- interações e aprendizados constantes
- aproveitamento dos erros
- pensamento abdutivo
- desafiar padrões e normas em vigor
O pensamento abdutivo [2], muito presente nos designers. É a associação de ideias amplas que conduz a conclusões criativas e que são essenciais para o processo de descoberta. O raciocínio abdutivo “explica fatos surpreendentes; amplia e diversifica a racionalidade; assim, vem ao encontro de necessidade premente em nosso desenvolvimento; capacidade de resolver enigmas “.
Sim, parece que temos espaço para aprimorar nosso trabalho como Engenheiros de Requisitos:
- É vantajoso dominar as habilidades e competências para ser um facilitador do Design Think.
- Espera-se que possamos permitir que as partes interessadas aprendam o novo.
- A Engenharia de Requisitos deve provocar para que contextos sejam repensados, estimulando a inovação.
- O Engenheiro de Requisitos deve estimular as partes interessadas se tornem capazes de falar do cenário complexo em que estão inseridos por meio de uma visão conceitual mais simples.
Muitos desafios, não? Então o assunto não está esgotado. Ao contrários, precisamos nos reunir para interpretar com mais profundidades essas oportunidades que estão diante de nós. A equipe da REde Requisitos está organizando um workshop presencial em Brasília, em março de 2018. Você tem que participar.
Até lá!
Referências
[1] VIANNA, Mauricio et al. Design Thinking: inovação em negócios. Rio de Janeiro: MJV Press, 2012.
[2] De MELO. A lógica abdutiva de Charles Sandres Peirce. Disponível em: https://blogpai.wordpress.com/a-logica-abdutiva-de-charles-sanders-peirce/
Roberto Paldês é pesquisador em Engenharia de Requisitos e professor universitário. Tem graduação e pós-graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Cursou o Mestrado em Educação e o MBA em Gestão Pública. Leciona na Graduação no Cursos de Administração e no Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do UniCEUB. Na mesma instituição é professor e coordenador dos Cursos de Pós-Graduação presenciais: MBA em Gestão Empreendedora em Projetos, MBA em Logística, MBA em Gestão Pública. Endereço Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0464191770045460 . Endereço no Linkedin https://www.linkedin.com/in/roberto-paldês-54a625a4