Há um ano, tratei desse mesmo tema – as certificações, e em especial, a certificação CPRE-FL, do IREB. E as questões recorrentes são: “vale realmente a pena?” ou “quais são os ganhos concretos em se obter uma certificação”.
Como disse naquela ocasião, estou particularmente envolvido nas certificações de Requisitos do IREB. O Centro Universitário de Brasília – UniCEUB é parceiro da ABRAMTI na região, e na aplicações dos exames, eu sou o responsável. Tenho, portanto, contato direto com a centena de candidatos (o número é sempre nessa ordem) que aparece nas datas anuais de aplicações do exame CPRE-FL (Certified Professional in Requirements Engineering – Foundation Level), e também, das de teste do ISTQB (International Software Testing Qualifications Board).
Minha visão é a de que ainda vale muito a pena se capacitar e obter a certificação CPRE-FL, assim como as outras. Se pensarmos no mundo do trabalho, sabemos que tudo muda o tempo todo e não há garantias que a exigência ou demanda por essa certificação continuará existindo. Mas, certamente, outras virão. E repetindo o que disse antes, mesmo para se aventurar em novas técnicas de requisitos, ter um conhecimento embasado em fundamentos bem estruturados e definidos é condição básica para que esse “novo” possa ser colocado em prática.
Coincidentemente, em abril deste ano, participando do CIbSE 2019 que ocorreu em Havana, Cuba, qual não foi minha surpresa, quando foi apresentado um trabalho referente a uma pesquisa realizada na Alemanha, Áustria e Suíça, com profissionais certificados desses países, sobre a relevância e aplicabilidade dos conceitos cobrados na certificação CPRE-FL do IREB no dia a dia do seu trabalho e para o seu conhecimento pessoal. O artigo “Do We Preach What We Practice? Investigating the Practical Relevance of Requirements Engineering Syllabi – The IREB Case” refere-se a essa pesquisa.
O programa de estudos do IREB prove o corpo de conhecimento básico em Engenharia de Requisitos desde que foi criado em 2007 e é constantemente revisado. Há mais de 47 mil profissionais certificados em todo o mundo, em mais de 70 países, incluindo o Brasil.
Os resultados foram muito interessantes. Resumindo, mais de 75% das respostas classificaram como extremamente importante, muito importante ou moderadamente importante, o programa de estudos do IREB para o exercício de suas atividades de Requisitos.
E duas curiosidades: uma, os mais experientes consideraram o conteúdo desse programa mais valioso que os menos experientes. E a outra, a unidade que trata de documentação dos Requisitos (principalmente, em linguagem natural) foi a que alcançou o maior percentual na percepção de utilidade para o exercício profissional.
Mais de 90% classificaram como positivamente relevante, o conteúdo deste conhecimento cobrado na certificação CPRE-FL para o interesse e conhecimento profissional.
Ao final, os pesquisadores sugerem um contínuo alinhamento com as necessidades práticas do exercício profissional, em tópicos especializados.
Conclusão: guardado o alcance da pesquisa e lembrando que o Brasil esteve fora deste universo pesquisado, os resultados indicam que o programa de estudos atual do IREB Foundation Level atende totalmente às necessidades do seu público alvo – os profissionais de pouca experiência. Acesse https://www.ireb.org/en/cpre/foundation
A Certificação não esgota o que deve ser estudado para o exercício profissional em Engenharia de Requisitos. Mas representa, principalmente para os iniciantes na profissão, um conteúdo básico e amplo, que possibilita a construção de um conhecimento específico e aprofundado. E, um dado muito importante, atesta para o mercado, essa base de conhecimento e de habilidades fundamentais.
Até breve.
Fernando Guimarães é coordenador e professor do Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Também é professor do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Engenharia de Requisitos do UniCEUB, nas modalidades presencial e a distância. Graduado em Engenharia Elétrica, com especialização Eletrônica, pela UnB – Universidade de Brasília, fez especialização em Análise de Sistemas na UCB – Universidade Católica de Brasília. Possui Mestrado em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação pela UCB – Universidade Católica de Brasília. Possui Certificação PMP – Project Management Professional, pelo PMI – Project Management Institute e Certificação CBPP – Certified Business Process Professional, pela ABPMP – The Association of Business Process Management Professionals. Toda a atividade profissional exercida foi em Projetos de Desenvolvimento de Software e em consultoria em Gerenciamento de Processos de Negócios.
Endereço do Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5724480423308682
Endereço no Linkedin: https://www.linkedin.com/in/fernando-de-albuquerque-guimarães-msc-pmp-cbpp-78924423/