1. Onde estamos?
A Engenharia de Requisitos (ER) vêm estruturando o seu corpo de conhecimentos há cerca de 30 anos. Hoje é uma área sólida da Engenharia de Software, contribuindo para a identificação, documentação, validação e gerenciamento das necessidades dos clientes. Muito se aprendeu até aqui e as práticas do mundo do trabalho validaram as melhores práticas da ER. Diferentes ambientes de desenvolvimento de software têm sido atendidos por seus conhecimentos, onde são integrados conhecimentos técnicos com muitas atividades sociais. Significa dizer que as relações humanas estão muito presentes na ER, fortalecido com o adequado suporte da tecnologia para cumprir as suas atividades.
Ao mesmo tempo, observamos a expansão dos usuários da Internet não humanos. São bilhões de dispositivos no mundo que chegam a superar o número de o total de pessoas conectadas na rede. O uso da Internet por esses dispositivos, ou “coisas” pode ser consciente, quando passamos uma mensagem para que as luzes das nossas sejam acessas antes de chegarmos lá. Muitas vezes essas coisas se conectam pela Internet de forma tão rotineira que podem passar desapercebidas, tal como nosso liberando o acesso ao estacionamento ou posto do pedágio. Nesse caso, não foi necessária nossa atuação naquele momento para que uma rotina se concretizasse.
Nossos objetos cada vez mais conectados e autônomos. Imagem:https://www.gratispng.com/png-z8fcwm/
2. O que é a Internet das Coisas (IoT)?
A IoT é a vinculação de informações, objetos e pessoas com a utilização de redes de computadores com uma infraestrutura inteligente. Como coisas, entendemos algo com capacidade de identificação, detecção ou atuação. Nesse sentido, a sua implantação começou com conexão de dispositivos agindo com simples sensores ou coletores de dados. Com a complexidade crescente dos sistemas, passou-se a esperar que esses dispositivos sejam capaz de entender o seu contexto e reagir com maior inteligência. O Gartner Group entende que a Iot está organizada em cinco áreas de tecnologias disruptivas:
■ Detecção (Terminais, coletores e sensores)
■ Comunicação
■ Proteção (Segurança)
■ Compreensão (Dados e análises)
■ Atuação (Inteligência Artificial)
Importante destacar também que na IoT estão incluídas pessoas. A União Internacional para Telecomunicações (ITU) entende que a Iot é uma rede “disponível em qualquer lugar, a qualquer hora, por qualquer coisa e por qualquer pessoa“.
As aplicações dessa proposta é muito vasta, notadamente se considerarmos a sua integração com o conjunto com outras tecnologias disponíveis: computação ubíqua, computação móvel, inteligência artificial, sistemas ciberfísicos, sistemas adaptativos, entre outros. Assim. a IoT está presente nas casas inteligentes, na indústria, no monitoramento de frotas, na agricultura, na gestão urbana, na saúde, entre outras áreas.
Aplicações da Internet das Coisas (IoT). Fonte: BNDES –Plano Nacional de IoT – Roadmap Tecnológico
3. Quais são as implicações para a Engenharia de Requisitos?
Junto com as oportunidades, surgem novos desafios. Com certeza, o que aprendemos com a RE até aqui será de grande valor. Por outro lado, algumas reflexões e ajustes deverão ser feitas para a obtenção de melhores resultados. Entre as diversas questões novas que se apresentam, destaco:
Como obter e validar os requisitos em ambiente de interação entre seres humanos, máquinas e sistemas, com menor participação de atores sociais e com o aumento da autonomia das máquinas/sistemas?
Para obter os requisitos dos nossos clientes, até então era comum recorrermos a questionários ou entrevistas. Outras vezes, organizamos workshops ou sessões de Design Thinking. Com a presença crescente de coisas nos sistemas, entretanto, parece complexo usar as mesmas técnicas para obter as necessidades e exigências dos módulos e dispositivos inteligentes.
Assim, entre os desafios da RE na IoT podemos apontar:
- a escolha de apropriada de recursos, técnicas e ferramentas
- a interatividade, conectividade, heterogeneidade da IoT
- a exigência crescente de inteligência de de integração dos dispositivos
- a atenção necessária aos requisitos de segurança e de privacidade dos dados
- a observação de preceitos éticos e legais na captura onipresente das informações
- as necessidades de uma nova sociedade (Sociedade 5.0)
Sobre a Sociedade 5.0 , já iniciamos essa discussão em uma postagem anterior:
Engenharia de Requisitos: as interações entre pessoas no contexto das máquinas
4. Conclusão
Com o crescimento dos sistemas da IoT, verifica-se que não apenas atores humanos apresentam necessidades que precisam ser identificadas e gerenciadas pela Engenharia de Requisitos. Se, por um lado, não podemos desprezar o corpo de conhecimentos já consolidado na RE, é certo que não podemos vencer os desafios de hoje com as armas de ontem. Por exemplo, como elicitar das coisas os seus “desejos, expectativas e necessidades’?
Para aprofundar a discussão dessas questões, te convidamos a nos acompanhar aqui no blog e no nosso canal no YouTube.
Traga também suas perguntas comentários.
Te aguardo.
Roberto Paldês é pesquisador em Engenharia de Requisitos e professor universitário. Tem graduação e pós-graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Cursou o Mestrado em Educação e o MBA em Gestão Pública. Leciona na Graduação no Cursos de Administração e no Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do UniCEUB. Na mesma instituição é professor e coordenador dos Cursos de Pós-Graduação presenciais: MBA em Gestão Empreendedora em Projetos, MBA em Logística, MBA em Gestão Pública. Endereço Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0464191770045460 . Endereço no Linkedin https://www.linkedin.com/in/roberto-paldês-54a625a4